Mercado de fusões e aquisições no Agro em alta para 2022
No setor, de janeiro a outubro de 2021, ocorreram 41 transações no país, contra apenas 11 no mesmo período do ano passado. Tecnologia no campo tem papel fundamental
Inovação

O ano de 2021 tem sido especial para o mercado de fusões
& aquisições (M&A) no Brasil. De janeiro a outubro, atingimos o recorde
histórico de 1.356 transações anunciadas, contra 1.038 em 2020, e 802 de
janeiro a outubro de 2020. Assim, a expectativa da PwC é de um crescimento de
65% na quantidade de transações de M&A neste ano frente ao anterior.
Esse boom do mercado teve como mola propulsora a pandemia de
Covid-19, que forçou as empresas a reverem os seus planos de negócios e as suas
estratégias para se adaptar aos efeitos da crise. Nos setores negativamente
afetados, as empresas foram levadas a buscar movimentos de M&A para
sobreviver e manter suas atividades.
Já nos setores impactados positivamente, as organizações
buscaram oportunidades de crescimento, expansão, diversificação e criação de
valor aos sócios por meio de aquisições.
AGRONEGÓCIO
Um dos setores que mais contribuiu para a economia
brasileira nos últimos anos, em especial durante a crise de Covid-19, foi o do
Agronegócio. As safras recorde dos últimos dois anos, o crescimento da demanda
global e os preços das commodities vêm puxando o crescimento forte do setor em
todo o mundo, o que beneficia esse segmento tão importante para o Brasil e,
como consequência, atrai o interesse de investidores nacionais e
internacionais.
M&AS NO AGRO E ENTRE AS AGTECHS
Os M&As no Agronegócio (incluindo as empresas de
tecnologia, as agtechs), comprovam essa tendência. De janeiro a outubro,
tivemos 41 transações anunciadas no Brasil, contra apenas 11 no mesmo período
de 2020 — um crescimento de 272%. Se
isolarmos as transações envolvendo as agtechs, esse crescimento é de 78% — 16
transações entre janeiro e outubro deste
ano, contra nove no mesmo período no ano passado.
A maioria desses movimentos inorgânicos de crescimento via
aquisições em 2021 (cerca de 87%) foi feita entre organizações brasileiras
(investidores brasileiros adquirindo empresas-alvo brasileiras), o que
demonstra a clara estratégia de consolidação para crescimento e ganho de
eficiência operacional, buscando, assim, o fortalecimento da indústria local.
MAIS INVESTIDORES
Nota-se também que a maior parte das transações de M&A
no agro em 2021 (cerca de 61%) foi feita por investidores estratégicos, ou
seja, aqueles que já atuam no setor e veem as aquisições como movimentos de
longo prazo.
Mas, pela ótima expectativa de performance nos próximos
anos, o setor atraiu também investidores financeiros (principalmente dos fundos
de private equity e de bancos de investimentos) que foram responsáveis por 39%
das aquisições, cuja estratégia é a de rentabilizar os negócios e buscar o desinvestimento
no médio prazo.
Olhando apenas as transações de M&A envolvendo as
agtechs em 2021, percebe-se que 88% tiveram investidores brasileiros e que 56%
envolveram investidores financeiros.
DIVERSIDADE DE OPORTUNIDADES
No Agronegócio, há uma diversidade de interesse dos
investidores quanto aos subsetores. Não só nas transações de M&A
anunciadas, mas, especialmente, nas interações e análises setoriais feitas com
os nossos clientes, verificamos um óbvio interesse nas agtechs e também em empresas
de produção de insumos agrícolas (fertilizantes, defensivos, máquinas e
equipamentos), distribuição de produtos agrícolas, operação e logística de
grãos, agroindústria (em especial de proteína animal), produção de frutas e
serviços dedicados.
O ALVO DOS INVESTIDORES
Esses investimentos nas empresas do Agronegócio carregam
como estratégia principal a busca pela eficiência operacional, os ganhos de
produtividade e/ou qualidade dos produtos, a automação dos processos
operacionais, a otimização dos recursos, das áreas de plantio, dos processos de
colheita e produção, entre outros.
Os investimentos deverão continuar a ocorrer de forma
crescente nos próximos anos, já que as tendências que suportaram o crescimento
do setor permanecerão válidas e as novas tecnologias deverão trazer mais
rentabilidade e eficiência.
AGRO TECH
Na perspectiva das agtechs, a implementação da tecnologia 5G
no Brasil, as soluções que serão desenvolvidas por meio dela e as perspectivas
de conectividade no campo trarão uma revolução ao Agronegócio, impulsionando
ainda mais os negócios no setor e atraindo mais investidores.
Com todo esse contexto, não seria ousado prever um forte
crescimento das transações de M&A no Agronegócio nos próximos anos.
Contamos com isso!
*Leonardo Dell’Oso Pinheiro é sócio e líder da área de
fusões e aquisições da PwC Brasil. Maurício Moraes é sócio e líder de
Agribusiness da PwC Brasil
Para ler o artigo original no site do AGTechGarage, acesse: https://www.agtechgarage.news/mercado-aquecido-para-fusoes-e-aquisicoes-no-agronegocio-brasileiro-em-2022/