Custo de reforma de pastagens degradadas
A entrada do período chuvoso favorece a reforma das pastagens, medida que garante a manutenção da produtividade agropecuária
Pecuária

Nas últimas décadas, o rebanho brasileiro de bovinos cresceu
acima do incremento da área de pastagem. Para uma comparação, desde 1985, a
área com pastagem aumentou 51,7% (Lapig), enquanto o rebanho bovino cresceu
67,3% (IBGE).
Esse processo reflete o aumento da produtividade, mas também
evidencia o surgimento de pastagens degradadas, caracterizadas pela baixa
produção, especialmente devido ao manejo inadequado da planta forrageira,
exaustão da fertilidade e a falta de conservação do solo.
Como consequências, surgem as deficiências nutricionais da
planta e dos animais, perda de vigor, baixa produtividade e capacidade de
recuperação das forrageiras, assim como invasão de plantas indesejáveis, erosão
e menor cobertura do solo.
No Brasil há 104,54 milhões de hectares de pastagens
degradadas, distribuídas em 31,19 milhões de hectares com degradação leve (17,1%);
29,19 milhões de hectares com degradação moderada (16,0%); e 44,15 milhões de
hectares em condições severas de degradação (24,2%). A degradação limita a
viabilidade econômica da atividade e os ganhos produtivos do setor.
REFORMA OU RECUPERAÇÃO DA PASTAGEM?
Inicialmente, ao analisar se uma pastagem degradada deve ser
reformada, é imprescindível ponderar a fertilidade do solo, o grau de
degradação, os erros de manejo e de planejamento estrutural, pois em muitos
casos a recuperação das pastagens é mais indicada.
Diferenciando cada um dos métodos, reformar uma pastagem
consiste em eliminar a população de plantas existentes na área, por meio de
preparo do solo ou de herbicidas dessecantes, quando se objetiva implantar a
nova espécie forrageira via plantio direto, semeadura convencional ou mesmo
plantio por mudas. Já a recuperação de pastagens consiste em aproveitar
a estrutura existente na área e empregar técnicas que promovam a recuperação, mantendo-se
a espécie ou cultivar, envolvendo práticas mecânicas, químicas e agronômicas ponderadas
de acordo com o grau de degradação.
O custo de investimento da reforma é mais elevado que o da
recuperação, com tempo de recuperação em torno de 100 a 120 dias. O custo de
investimento da recuperação é de cerca de 60% do valor de uma reforma, com
tempo para recuperação de cerca de 60 dias.
A reforma é adotada caso existam áreas com mais de 2m² de
solo exposto ou cobertas com plantas daninhas, com ausência de plantas
forrageiras de interesse. Nesses casos não existe densidade populacional
suficiente para restabelecer a pastagem e realizar a recuperação.
QUANDO E COMO REALIZAR A REFORMA?
O período chuvoso é o mais indicado, pois possibilita condições de umidade no solo para descompactação e, principalmente, para adubação e plantio.
As etapas de um programa de reforma de pastagem usual englobam a escolha da área a ser reformada e da forrageira, avaliando o relevo e a necessidade de uso de máquinas ou mão de obra braçal. A análise do solo e recomendações a partir da análise, como calagem ou gessagem, são indicadas, visando ajustar a fertilidade do solo às necessidades da área.
Após a definição da necessidade de correção e adubação do
solo e da cultivar desejada, deve-se dar andamento às atividades, que envolvem preparo
do solo (aração e gradagem) e posterior semeadura.
Por fim, o manejo da cultivar implantada após a formação da pastagem garante que todos os passos e os gastos despendidos tenham retorno.
Como exemplificação do custo da reforma, é apresentada na
figura 1 estimativa com base na reforma usual, um patamar tecnológico que
engloba operações como a análise do solo, utilização de calcário e adubação, e
compactação da semente na semeadura, entretanto, não envolve ações como uso
intensivo de insumos, adubação de cobertura e aplicação de herbicidas
pós-semeadura. Foram considerados custos médios do primeiro semestre de 2021.
Figura 1. Operações e insumos utilizados em uma reforma
usual de pastagem.
Operações |
Custo - R$/ha |
Análise de solo |
R$31,00 |
Gradagem leve |
R$65,60 |
Gradagem pesada |
R$251,63 |
Plantio |
R$19,18 |
Compactação das sementes |
R$63,11 |
Calcário e adubação |
R$28,43 |
Aplicação de defensivos |
R$13,65 |
Outras operações |
R$30,30 |
Insumos |
Custo - R$/ha |
Calcário |
R$330,13 |
Adubo de plantio |
R$733,70 |
Semente |
R$323,33 |
Custo total (R$/ha) |
R$1.890,06 |
Fonte:
Scot Consultoria / Elaboração: Scot Consultoria
Deste custo, 73,4% (R$1.387,16) são insumos e 26,6%
(R$502,90) são as operações mecanizadas.
O PLANEJAMENTO DEFINIRÁ O SUCESSO DA REFORMA
É imprescindível que o pecuarista realize um diagnóstico da degradação da pastagem precocemente, com controle efetivo dos índices agronômicos e zootécnicos.
Um passo simples e eficaz envolve a orçamentação forrageira, ou seja, administrar a estacionalidade da produção forrageira, para que a disponibilidade seja adequada na seca e nas águas, priorizando o crescimento do capim. O ciclo vicioso de escassez na seca e sobra nas águas culmina na degradação das pastagens
Caso haja a necessidade da reforma, o primeiro passo é o planejamento, pois, sem essa ferramenta, os investimentos serão onerosos e corre-se o risco de não serem feitos de forma apropriada. São exigidos altos investimentos e tempo de inutilização da área, necessários no método tradicional, o que pode impossibilitar muitos projetos.
Lembrando que o governo possui programas de crédito, como o
Programa ABC, que permite o financiamento de projetos de recuperação de
pastagens degradadas visando a produção mais sustentável.
Referências
Scot Consultoria.
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.