Economia e o mercado bovino
Entenda os impactos do cenário econômico em relação as expectativas para o consumo de carne bovina no final de 2021
Pecuária

O cenário econômico tem sido especialmente turbulento nos
últimos dias, com as questões relacionadas à origem dos recursos do novo
Auxílio Brasil e o receio do mercado quanto à questão fiscal.
Esses ruídos geram um cenário de aversão ao risco, o que
influencia a valorização do dólar frente ao real, alimentando a inflação e as
expectativas para a taxa de juros.
Segundo o último relatório Focus, do Banco Central,
divulgado em 18 de outubro, a expectativa de crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro em 2021 está em 5,01%, frente a 5,05% na semana
anterior.
Para 2022, as projeções dos analistas consultados para a
elaboração do relatório resultaram em uma estimativa de 1,5% de crescimento,
sendo o segundo ajuste negativo semanal consecutivo.
Quanto ao câmbio, que nos últimos dias tem trabalhado em
torno de R$5,70, é mais uma pressão inflacionária, que se soma à questão
hídrica e os preços dos combustíveis, por exemplo. A expectativa do mesmo
relatório apontava para uma taxa de câmbio de R$5,25 ao final de 2021. Com o
cenário mais movimentado dos últimos dias, é possível que tal projeção vá sendo
ajustada nos próximos relatórios.
Voltando à inflação, ela diminui o poder de compra do
consumidor, afetando as expectativas para o consumo doméstico. Por outro lado,
temos a situação de controle da pandemia como um vetor positivo para a
movimentação da economia e escoamento da carne bovina no mercado brasileiro.
Tomando o indicador de Intenção de Consumo das Famílias,
calculado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), esse ficou estável em
outubro, mas na comparação com outubro de 2020 houve aumento de 6,6%.
Tal indicador possui componentes cujas variações são
apresentadas separadamente pela CNC. O componente de “perspectiva de consumo” é
o que acumula maior alta na variação em doze meses, com aumento de 19,6%. A
figura 1 mostra a evolução do índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF)
e do componente “perspectiva de consumo”.
Figura 1.
Índice de Intenção de Consumo das Famílias e componente
“perspectiva de consumo”.
Fonte: CNC / Elaboração: Scot Consultoria
O índice despencou com a chegada da pandemia ao Brasil, no
primeiro semestre de 2020, e o patamar anterior ainda não foi retomado. De toda
forma, como citado, os números estão positivos na comparação anual. No caso do
componente de “perspectiva de consumo”, o mais relacionado à demanda, estamos
no melhor patamar desde o começo da pandemia.
O ICF geral passou por momentos mais positivos no início
deste ano, depois passou por um momento pessimista e tem subido nos últimos
meses. Esse cenário de maior confiança, associado à pandemia mais contida, deve
gerar um final de ano de crescimento do consumo.
EXPECTATIVAS
Não acreditamos em uma demanda por carne bovina
historicamente boa, mas o escoamento tende a seguir a sazonalidade, beneficiado
pelos décimos terceiros salários e contratações temporárias, ainda que os
números de emprego ainda não estejam bons.
Do lado da oferta, o gado oriundo de confinamento deve
manter um cenário confortável para a compra de gado pela indústria. A partir de
meados de novembro, já esperamos um cenário mais enxuto, que pode colaborar com
um mercado mais firme, mesmo que a China não retome as compras em curto prazo.
Caso o país volte a comprar, o mercado deve retomar a força
de maneira importante.