Safra 2021/22: colheita nos EUA e plantio no Brasil
Reta final da colheita norte-americana e plantio em território brasileiro em estágio avançado pressionam os preços dos grãos no mercado doméstico
Pecuária

A colheita da safra de grãos 2021/22 norte-americana está em fase final.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em
inglês), até 14/11, 92% e 91% da área com soja e milho, respectivamente, foram colhidas.
Para a soja está prevista a produção de 120,43 milhões de
toneladas na safra 21/22, ante 114,75 milhões de toneladas na temporada passada.
Para o milho, a expectativa de produção é de 382,6 milhões de toneladas, frente
às 358,45 milhões de toneladas em 2020/21.
O avanço da colheita norte-americana de soja, em meio a um
ritmo de importação pelo mercado chinês mais comedido entre outubro/novembro,
tem pressionado os preços no mercado internacional, refletindo nas cotações no Brasil,
cenário de queda limitado pelo câmbio.
Em novembro, até 18/11, os preços da saca (60kg) de soja em
Paranaguá-PR, recuaram 2,3%, negociada em R$168,00/saca.
Para o milho, a maior oferta no mercado interno após o fim
da colheita da segunda safra em setembro/outubro, a maior oferta no mercado
internacional com a colheita estadunidense em fase final e a isenção do
PIS/Cofins para a importação do cereal pressionaram para baixo as cotações.
No acumulado até 18/11, as cotações da saca (60kg) de milho
em Campinas-SP, recuaram 8,4%, negociada em R$81,50/saca.
Figura 1.
Preços da saca de 60kg da soja em grão (eixo da esquerda) e
do milho (eixo da direita), em doze meses.
Fonte: Scot Consultoria
SAFRA VERÃO
No Brasil, com o clima colaborando, os trabalhos de plantio da safra de verão estão adiantados comparado à safra passada (2020/21).
Em novembro, até 13/11, o plantio do milho de primeira safra 2021/22 chegou a 64% da área prevista, frente aos 56% semeados na safra 2020/21 no mesmo período. A produção de primeira safra está estimada em 28,6 milhões de toneladas, aumento de 14,5% perante a safra 2020/21 (Conab).
No Paraná (DERAL) e Rio Grande do Sul (Emater-RS), principais produtores para a primeira safra, os trabalhos estão em fase final, com 98,0% e 85,0% das lavouras já semeadas até 18/11.
Para a soja brasileira, o plantio da safra 2021/22 chegou a 79,2% da área prevista, frente a 69% da área semeada na safra 2020/21 no mesmo período.
Em Mato Grosso, principal estado produtor, o plantio está
praticamente encerrado, com 99,5% da área esperada semeada até 12/11 (IMEA).
A estimativa é de alta de 3,5% na área com soja em 2021/22,
com a expectativa de produção de 142 milhões de toneladas de soja no país, 3,4%
maior que o colhido em 2020/21 (Conab).
DE OLHO NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Os preços dos insumos ganharam destaque, principalmente dos fertilizantes, que chegaram
a dobrar de preço no mercado brasileiro, puxado por acontecimentos recentes no
cenário internacional que abalaram o mercado de fertilizantes.
Figura 2.
Variação em doze meses dos preços dos principais fertilizantes no mercado brasileiro.
*Cloreto de potássio
**Super fosfato simples
***Fosfato monoamônico
Fonte: Scot Consultoria
Frente às dificuldades de crise energética, a China,
terceira maior exportadora de fertilizantes (equivalente a 10,0% das
exportações mundiais em 2018), tem restringido o volume de exportação, devido à
crise energética, pois o gás natural e carvão são utilizados para a extração da
matéria-prima.
Além do gigante asiático, países produtores da União
Europeia também têm sofrido com a crise energética, reduzindo a produção local.
CRISE COM BELARUS
Outro ponto que tem pressionado o fornecimento global de
fertilizantes são as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à
Belarus, quarto maior exportador mundial de fertilizantes e responsável por um
quarto da produção mundial de cloreto de potássio.
Todos esses fatores contribuíram para aquecer ainda mais a
demanda por fertilizantes, devido ao risco de desabastecimento do produto, e
para a elevação dos preços no Brasil.
Os efeitos do aumento dos preços dos fertilizantes para a
safra 2021/22 não devem ser tão impactantes, ao menos para a safra de verão.
Porém, atenção à produção de milho safrinha e
culturas de inverno e à semeadura da safra 2022/23, que, em meio ao cenário de
menor rentabilidade com os custos elevados e aumento da oferta em 2021/22, pode
resultar em menores áreas cultivadas.